O abismo ali tão perto

Poderia começar por dizer que estou profundamente chocado, com os mais recentes desenvolvimentos do nosso querido basquetebol. A realidade que vivemos já não choca, tem vindo a ser trilhada com errantes passos de cada vez, por todos os intervenientes do jogo. Podemos não concordar com a greve convocada pelos nossos árbitros, ficar até indignados, revoltados e frustrados por ir a um pavilhão e o jogo não se realizar. Não podemos no entanto refutar o seu direito à greve, e o cerne da questão não pode ser reduzido à sua contestação, visto terem valores monetários consideráveis em atraso(137.000 euros).

O filósofo chinês Lao-Tsé, um dia disse ” Uma viagem de mil milhas começa com pequeno passo na direcção certa”, ora creio que estamos no caminho errado há demasiado tempo. Clubes que desistem da competição a meio da temporada, tivemos casos de desistência em plena semi-final da liga, e na temporada ano seguinte foi permitida a esse clube nova entrada na competição, como se nada tivesse acontecido. Outros clubes com dívidas intermináveis a jogadores e treinadores, e ainda assim a sua inscrição é sempre aceite pelo organismo regulador. Estes mesmos clubes têm que contribuir com valores para que as equipas de arbitragem estejam sempre presentes, por vezes estes valores são até incomportáveis para os seus orçamentos, ainda que uns paguem e outros não.

Causa sem dúvida alguma estranheza olhar para o relatório e contas do ano de 2014 do organismo que gere o basquetebol nacional, e ver contabilizados 584.000 euros como gastos com arbitragens, talvez esteja errado na minha análise destes números mas é um valor superior ao que os árbitros do nosso basquetebol reclamam.

Os jogadores, principais intervenientes do jogo, até hoje não fizeram valer os seus direitos que continua a ser atropelados, as dívidas com salários continuam a amontoar-se, existem casos em que anos passaram e esses valores nunca foram regularizados. Continua este silêncio que incomoda, que não ajuda à evolução de gerações vindouras.

Caminhamos calma e tranquilamente para a obscuridade total no nosso basquetebol, envolvidos em um pesado manto de uma realidade utópica, certo é que o abismo está apenas a alguns passos, e continuamos de sorriso largo a caminhar na sua direcção!

CDiAS8

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