Busca da identidade perdida

Temos tido uma parte final de época regular na NBA, no mínimo intrigante. Os Golden State Warriors, depois de pequena tempestade após a lesão de Kevin Durant, estão a jogar a um bom nível. Recuperaram a sua identidade em campo, e onde podemos ver isso é na defesa e não no ataque. A defesa é o coração de uma equipa, é onde vemos o seu verdadeiro carácter competitivo, a sua coesão e altruísmo. Olhando para os últimos jogos dos Warriors, podemos agora constatar essa determinação defensiva, que permite aumentar os níveis de confiança da equipa e depois o ataque é mais fluído. Falta uma peça vital na equipa, mas esta voltou a levantar se e mostrar carácter de quem quer ganhar o anel de campeão. Sendo uma equipa com um ataque de alta voltagem, os atiradores, Steph Curry e Klay Thompson, estavam hesitantes e com pouca confiança. O ritmo da equipa aparentemente voltou, ainda que sem KD dificilmente chegam a final.

Em Cleveland o pânico esta quase a conseguir um lugar na equipa liderada por Lebron James. Não tendo um passado com títulos, os CAVS entraram na época 16/17 em território desconhecido. Apenas Lebron James sabia o que era necessário para defender o anel, os outros não, alguns nem sequer tinham jogado uma final. Entre lesões e exigências na imprensa, neste momento os campeões parecem fragilizados e não tem identidade em campo. Venceram o anel através de uma determinação, garra e pura fome de vencer que não está lá agora. Podemos sempre dizer que é cedo para preocupações, até porque certamente vão chegar a final, não tenho dúvidas quanto a isso. São a segunda pior defesa da NBA desde de 1 de Janeiro de 2017, a pior defesa do mês de Março, o que demonstra problemas de balneário e comunicação. Não estamos a falar de uma equipa sem talento, mas sim com a fome de vitória bastante saciada, e que parece feliz com o título do ano passado. Lebron é um campeão já sabemos isso, mas alguns dos seus colegas parecem com vontade de ir de férias para Cabo Verde, o desejo e fogo nos olhos não é o mesmo. Em termos anímicos vejo um Lebron desgastado, já são muitas épocas consecutivas a chegar a final da NBA, e isso tem um peso imenso. Constantemente examinado, julgado, comparado e a exigência ao mais alto nível, ele lida com tudo isto e ainda que não pareça fisicamente, ele é humano. Será ele capaz de renovar a fome competitiva nos colegas? 

Existem alguns casos na história da NBA que podem servir de motivação para os Cavs. Em 2001 os meus Lakers, com Kobe e Shaq, viviam uma época regular desastrosa. Tendo sido campeões em 2000, a batalha de egos entre as duas mega estrelas, começou a minar a equipa. Clivagens sérias no seio dos então campeões, tornaram a época regular uma tortura. Era a pior defesa da NBA, Kobe esteve um longo período de fora por lesão, ficaram em 4º lugar na conferência de Oeste, e não eram favoritos a vencer sequer na primeira ronda. No playoff fizeram algo que dificilmente será repetido, perderam apenas um jogo, e já na final. Venceram categoricamente e no ano seguinte conseguiram o terceiro título consecutivo, de repente fiquei emocionado com as memórias.

A identidade e carácter competitivo de uma equipa campeã não pode ser como um interruptor. Os fãs de ocasião dos CAVS, que se preparem porque sem mudanças será complicado vencer. O Oeste tem duas equipas que estão a salivar com as debilidades dos campeões. Vamos estar muito atentos e curiosos para ver o que se segue.

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O caminho das tendências

A NBA é uma liga de tendências e verdades absolutas, pelo menos assim parece por vezes. Temos mudanças repentinas, devido a lesões, problemas na gestão das equipas e a minha favorita “estrelas por uns dias”, serve tanto para jogadores ou mesmo equipas. Tivemos o caso de Jeremy Lin, durante uns dias brilhou de tal forma, que muitos já o compravam com os melhores de sempre. Voltou a terra pouco depois, mas ainda consegue excelentes contratos devido a essa fama temporária que conseguiu.

Em Los Angeles existe um caso grave de “Estrela por uns dias”, os Clippers. Nos últimos anos muitos até os colocaram entre os candidatos ao título, e olhando para o plantel até há motivos para acreditar nessa afirmação. A realidade no entanto é bem diferente, uma equipa que tem Chris Paul como base, um jogo interior com Blake Griffin e DeAndre Jordan podia já ter feito algo nos playoffs. Foi a equipa favorita de muitos durante uns tempos, mas estes fãs de ocasião já se cansaram há muito e foram a procura da seguinte estrela cadente. Doc Rivers é o treinador e presidente das operações para o basquetebol, ou seja ele decide tudo, desde trocas até contratos dos jogadores. Venceu em Boston, com uma equipa de grande nível, mas desde desse título, o sucesso tem estado longe das suas equipas. Em Los Angeles ainda não mostrou, que é um treinador capaz de conseguir vencer um anel. É uma equipa sem qualquer identidade em campo, com uma liderança imposta pela voz de Chris Paul, que tem um espírito competitivo que o resto da equipa não tem. Esta temporada mais uma vez, estão mais uma longe de ser uma ameaça e acredito que será o fim desta triste novela que ainda teve uns fugazes seguidores.

Em Salt Lake City, neste momento há mais motivos para festejar que apenas as memórias da dupla fantástica de Karl Malone e John Stockton. Esta ali uma equipa que temos de levar muito a sério, mesmo não sendo um candidato ao anel, é um grupo com identidade e personalidade em campo, . Defensivamente muito sólidos(nº1 em eficácia defensiva), com opções interessantes no ataque com Gordon Hayward como destaque, mas com contribuições sólidas do veterano Joe Johnson,  e o lançador Rodney Hood. Não tem um estilo de jogo explosivo e dinâmico, mas os estão em 4º lugar no Oeste, poucos no início o podiam prever. O mais sério candidato a jogador defensivo do ano, é Rudy Gobert, tem dominado nos desarmes de lançamento e nos ressaltos. A base da eficácia defensiva da equipa, depois de um início complicado na NBA, o francês está ter muito sucesso.

Falando em tendências, os meus Lakers parecem querer seguir uma das mais deploráveis dos últimos anos, o tanking, ou seja vão perder para conseguir uma excelente escolha no draft deste ano. Os Sixers são os criadores desta triste “moda”, sem resultados práticos, jogadores com uma clara cultura de derrotas mas ali não é de espantar. Os Phoenix Suns também querem seguir este caminho que não parece trazer a longo prazo resultados relevantes. Se em Los Angeles os Clippers são uma triste novela, os meus Lakers nos últimos 7 anos são como as séries que já não têm interesse mas têm audiência suficiente para mais uma temporada. A entrada do melhor Laker de sempre, Magic Johnson,poderá trazer o brilho perdido nos últimos anos. A “franchise” com mais finais na história da NBA e 16 títulos, não pode pensar no próximo draft como tábua de salvação. Espero que esta triste tendência não se torne realidade comum nos Lakers, é verdade que a reconstrução da equipa é inevitável e irrefutável. Não podemos construir o futuro, colocando de parte o caminho percorrido pelos grandes nomes do passado. 

Fadeaway8 out!!

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Méritos Competitivos

 

Podemos expulsar a letargia, esticar os braços e acolher o sol de primavera antecipada. A verdadeira época da NBA está a começar… finalmente. O verdadeiro interesse competitivo e os níveis de intensidade só agora começam a subir. 

Em Golden State a equipa esta a recuperar do soco no estômago, que foi a lesão de Kevin Durant. É um duro golpe, que cria diversas realidades paralelas, sendo que todas exigem solução imediata. A aposta em Kevin Durant foi com o título imediato em mente, mas o preço a pagar foi alto. Sem “KD” os Warriors muito dificilmente conseguem serem campeões, aliás será complicado chegar a final da NBA. Não vamos minimizar esta lesão, uma entorse no joelho com danos no ligamento lateral interno dificilmente se recupera em dois meses. Voltar ao nível máximo, para competir nos playoffs no Oeste vai ser complicado, agora teremos de exigir mais de Steph Curry. Não sendo um líder “Alpha” ele vai ter de guiar a equipa de uma forma que ainda não vimos. O seu líder emocional é Draymond Green, mas por vezes coloca a equipa em risco, assim como o fez na final da temporada passada. Será importante não perderem o primeiro lugar no Oeste, mas os San Antonio Spurs estão absolutamente dominadores e com personalidade ganhadora definida. Não seria uma surpresa, se os Spurs chegassem a final da NBA.

Na conferência de Este é tudo mais simples, os Cleveland Cavaliers tem o primeiro lugar garantido. Nem todas com todas as estrelas juntas das restantes 7 equipas em posição de playoff tem a capacidade de mudar essa realidade. Os Cavaliers vão chegar a final mais uma vez, porque o nível competitivo do Este é claramente inferior. Os Celtics não têm experiência para ameaçar os campeões, em Washington reside uma equipa que é capaz do melhor mas também do pior e os Raptors não tem mentalidade ganhadora. Em teoria tudo é possível, mas na realidade não é assim. Os campeões não são perfeitos, o seu jogo interior é extremamente limitado, Lebron James esta a jogar demasiado minutos algo que poderá pesar nos playoff. A lesão de Kevin Love vai trazer problemas nos momentos decisivos, mas apenas na final.

A corrida para MVP da época regular está interessante sem dúvida, mas será que temos de repensar os parâmetros de atribuição do prémio? Os números são suficiente ou queremos algo mais? Neste momento, James Harden do Rockets parece estar encaminhado para a vitória, mas com 376 turnovers estabeleceu novo recorde negativo. Claro que é resultado de ter a bola nas mãos por mais de 60% do tempo de jogo. Defensivamente a sua intensidade aumentou, mas ainda não é foco da sua atenção. Têm feito números impressionantes e a equipa esta a ganhar jogos, será que merece ser o MVP?  

Russel Westbrook é o jogador mais intenso da NBA, tem sido dominador, está perto de completar um época regular histórica… em termos estatísticos. Têm um desejo competitivo poucas vezes visto nos últimos 35 anos na NBA, mas esse poderá ser ao mesmo tempo o seu grande inimigo. Quando queremos vencer a todo o custo, esse mesmo desejo pode toldar o nosso discernimento. Neste momento a sua equipa faz parte dos espectadores, estarrecidos e pasmados com as performances do seu capitão, mas a ver de fora. Sou um fã da sua intensidade e desejo, mas sem incluir o restante elenco será um monólogo aclamado por muitos mas incompreendido pela maioria. Também ele já estabeleceu novo recorde negativo com turnovers. A equipa esta a luta para ficar na corrida para os playoff, será que merece o prémio?

Kawhi Leonard esta a fazer a sua melhor época em termos ofensivos, não só continua a ser um defensor implacável, como é ameaça no ataque. Sim está nos Spurs e ganhar ali é hábito, 18 épocas consecutivas com mais de 50 vitórias. A forma tranquila e eficaz como marca mais de 30 pontos, assim como defensivamente ofusca os adversários é impressionante. O MVP fica lhe bem?

Temos agora um lugar comum agora, Lebron James. É o melhor jogador da NBA, mesmo que não lhe seja atribuído o MVP todos os anos, isso é irrefutável. Um pouco como nomear Meryl Streep todos os anos para os Óscares, sabemos que é a melhor de todas. Lebron James esta a fazer uma excelente temporada, mesmo estando em primeiro e a descansar em demasiados jogos. Merece vencer porque é o melhor?

Na vossa opinião temos mais candidatos a MVP?

Fadeaway8 out!!!

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