D Rose e a viagem no autocarro 217

Sigo com atenção tudo o que acontece na NBA,  todos os detalhes que rodeiam o jogo que por vezes são esquecidos. Histórias paralelas a uma época que está a ser interessante.
Não posso deixar de realçar o que Derrick Rose está a fazer, não apenas por ter conseguido 51 pontos e ter 18.5 ppj de média mesmo sem ser titular. Aplaudo sim a superação, e a prova que jamais podemos desistir de um sonho.
Durante os anos de formação no SLB, a rotina era a mesma durante a época. Sair da escola, correr para a apanhar o autocarro até ao Colégio Militar (217 de preferência) e chegar a tempo do treino. Durante esse percurso de autocarro, 15/20 minutos, a imaginação, o sonho, a esperança tomava conta.
Cada viagem parecia a primeira, ir treinar e tentar imitar os grandes jogadores que admiravamos. Estava quase sempre acompanhado por aqueles que partilhavam o sonho de um dia chegar ao mais alto nível do jogo. Saíamos da escola a correr e com o sonho como estrela do norte que nos guiava. 
Sempre segui essa estrela, o sonho, com esperança indomável mesmo em circunstâncias difíceis.
Essa viagem no autocarro 217, era cheia de esperança, desejo competitivo, dedicação e ilusão. Esses mesmos sentimentos, acompanharam a minha carreira, mesmo nos dias maus. Sejam quais forem os motivos pelos quais cada jogador entra em campo, o sonho de criança tem de estar na lista. Alguns já jogaram pelo dinheiro, já jogaram com dores, já jogaram por amor ao jogo, outros para pagar a renda de casa (outros tempos).
Vejo que Derrick Rose persegue esse sonho de criança, alguns não se recordam que ele foi o MVP mais jovem da história da NBA. Após o longo caminho percorrido agora ele sorri, mesmo que não volte ao nivel de MVP, isso não importa.
Passou por reabilitação, fisioterapia, meses com dores, dúvidas, receios e falta de confiança. Realidades diarias de quem recupera de lesões graves, para ele a fama e o dinheiro em nada amenizam o vazio e a frustração de não conseguir levantar da cama e seguir o sonho. 
Todos os que um dia sonharam em ser médico/a, advogado/a, escritor/a, ou jornalista, engenheira/o e conseguiu atingir esse obejectivo. Seguiram essa profissão toda a vida, ou seja não terá de se retirar por uma lesão ou na plenitude da idade activa. O mesmo não se pode dizer de um atleta, seja em que modalidade for. Derrick rose já deveria estar retirado aos olhos de muitos, cada época daqui até ao tal “fim” será motivo de orgulho.
A todos os que ainda jogam, nem que seja aos domingos com os amigos e que já deveriam estar retirados aos olhos dos que não sabem. Para aqueles que ainda hoje são alimentados pelo sonho de criança com coração de adulto. Aos que ainda têm muito futuro pela frente. Continuem a jogar, porque jamais estaremos retirados de um sonho. 
Podemos recuperar dinheiro, mas nunca o tempo perdido. Não existem apps para recupera-lo, então apreoveitem-no.
A viagem no 217, continua a ser a minha motivação, mesmo que os idealismos da juventude não sejam os mesmo. As histórias de todos nós são singulares, mas o destino é partilhado sempre que entramos em campo. Seja na rua com os nossos filhos, ou com amigos.
FDAWY8 out!
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