8 ontem, 8 hoje, 8 sempre!

Escrevo de coração, como sempre o fiz, cada letra, cada palavra. Assim como em quase todos os momentos a jogar, a minha paixão pelo basquetebol vêm do coração. O nome deste blogue, tem como influência e referência, Kobe Bryant e o número 8. Não é um tributo, nem uma homenagem, porque a minha admiração por ele, não tinha antes ou alguma vez terá, um dia de despedida.

Mesmo com o passar dos últimos dias, desde da tragédia de domingo. A realidade ainda não se instalou, e sinceramente não queremos que isso aconteça. Quatro são as famílias devastadas pela tragédia, Bryant (Kobe e filha Gigi), Altobeli (Pai John, Mãe Keri, filha Alyssa), Chester (Mãe Sarah e filha Payton), Mauser (Christina mãe de três de filhos) e o piloto Ara Zobayan. Vidas para sempre alteradas, crianças que vão crescer sem Pai ou Mãe. Pais em contra ciclo da vida, vão olhar para uma urna, e sepultar os seus filhos. Esposa sem o companheiro e três filhas para educar, viúvo com três filhos que crescem sem mãe. Saber que crianças perderam a vida neste acidente, aumenta a dor, por imaginarmos o que sentem esses pais neste momento.

Sendo Pai, cada notícia em que uma criança ou crianças perdem a vida, o impacto que fica é maior. Por isso o meu pesar vai também para todas as outras famílias envolvidas nesta tragédia. Quem já lidou com a dor da perda, entende um pouco do vazio que fica.

Michael Jordan é como se fosse um Deus para quem, como eu, cresceu a admirá-lo. Inatingível, insuperável, majestoso e por vezes nem parecia humano. Sou um orgulhoso fã dos Lakers, desde da final contra os Pistons de 1988 . Desde então até hoje, sou e sempre serei um “Purple and gold” de coração e pulmão. Em 1996 quando Kobe Bryant foi para L.A, o meu jogador favorito era Eddie Jones, número 6, adorava o seu jogo, tive pena quando saiu, mas na altura era necessário. Os Lakers em Dezembro de 1997, jogavam em Chicago, contra os Bulls, esse jogo mudou me para sempre. O régio Jordan contra um pretende ao seu trono, Kobe Bryant então com 19 anos. Foi um duelo, que deixou me sem palavras, e na altura tínhamos de gravar os jogos na RTP 2, já alguns dias depois de terem sido jogados. Kobe marcou 33 pontos, e Deus MJ marcou 36 pontos. Vi esse jogo até estragar a fita da cassete VHS. Vi inúmeras vezes na tentativa de reproduzir cada movimento dos dois mas sem sucesso.

A determinação inabalável, o olhar sem receio do momento, mesmo estando a jogar contra o melhor de todos, tornou me um fã do Kobe desde desse dia, até ao dia que eu partir desta realidade. Ele parecia real, alguém com o qual podia me identificar. Falhou muitas vezes, foi criticado, acusado, levantou se sempre mais forte, após cada queda.

Ao longo da minha carreira e não só, raramente acreditei em mim. Cheio de dúvidas interiores, olhei para Kobe Bryant como a minha inspiração. Apenas um ano mais velho que eu e jogava nos meus Lakers, mudei para o 8. A cada drible, a cada lançamento que fiz até hoje, no treino, jogo ou no verão com amigos. Foi sempre com a imagem de Kobe na minha mente. Para alguém que escondia a luta com as suas dúvidas interiores, ele era tudo aquilo que eu jamais iria ser. Superei lesões graves, sempre com a ideia de voltar para um campo e treinar cada movimento seu. Celebrei cada vitória, e senti as derrotas, e sem surpresa as lágrimas tomaram conta de mim assim que soube da sua morte, pior ainda por saber que a filha estava com ele.

Partiu cedo demais aos nossos olhos, mas viveu de verdade e em plenitude, a forma como o mundo está a celebra lo é o testemunho disso mesmo. Aquilo que fazemos apenas por nós, segue nos quando morremos. Aquilo que fazemos por outros, fica para trás quando partimos. O seu legado em campo inspirou milhões. Vi um adolescente de 17 anos entrar na NBA, vi um jovem de 24 tornar se tri campeão da NBA. Vi um dos grandes a sair do jogo, após marcar 60 pontos com 37 anos e com anéis de campeão. Vi um pai de 4 filhas, morrer com 41 anos acompanhado por uma das suas princesas Gigi. Não o conheci, mas ele sem saber ajudou me a esquecer as minhas dúvidas interiores, cada vez que vestia o número 8. Não se trata apenas de um número de quem me inspirou, sei que mudou para o 24 mais tarde. Mas o número 8 é uma identidade para mim.

A morte é um agente de mudança implacável com a própria agenda, mas que exalta o profundo e verdadeiro valor da vida. Faz nos encarar a nossa finitude de frente. O tempo não é fonte inesgotável, saber que um dia partimos, retira a ideia que podemos adiar continuamente os nossos sonhos e objectivos, pensando que o amanhã é garantido. Não escolhemos os eventos que trazem sofrimento as nossas vidas. A dor altera a nossa percepção da vida, mais profundamente que qualquer momento de sucesso.

A realidade das famílias envolvidas, será sempre marcada pelo dia 26 de Janeiro de 2020. Não se tratar de superarem, porque isso não é possível, mas sim de aprender a viver com esse vazio. Espero que seja desta vez que o meu Pai, vai ver o Kobe a jogar com a Gigi, está com sorte o meu velho.

Li algures algo que me marca até hoje “O descanso dos que já partiram, não sossega a inquietação daqueles que ficam”.

Fadeaway8 out!

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5 thoughts on “8 ontem, 8 hoje, 8 sempre!

  1. Jandira diz:

    Posso dizer q de basquet nada sei, no contexto do jogo em si, mas kobe era realmente um atleta admirável p mim o the best, o mundo vai sentir a tua falta, sinto um aperto no peito como se de um amigo se tratasse …
    Como diz o meu pequeno Príncipe a vida é dura mamã.
    Descansem em paz!!!

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