Pai, meu Rei!

Um dia disseste-me que a verdadeira herança que deixamos não é material. Nesse dia falava contigo sobre a minha noite mal dormida porque o teu neto, recém nascido, exercitava o poder dos seus pulmões para ser alimentado. A gargalhada que se seguiu, até hoje ecoa na minha memória. Logo em seguida disseste” fizeste o mesmo comigo e com a tua mãe”. 

Passados 10 anos desde da última vez que celebramos juntos o teu aniversário, tenho muito para te contar, mas por certo já sabes, de alguma forma sinto que tens acompanhado tudo. Para conseguir escrever como tu, praticava muito tempo refugiado no meu quarto, imerso na minha imaginação, na timidez, nos receios de um rapaz envergonhado e inseguro. A escrita faz parte da herança que deixaste e hoje que irias celebrar 80 anos de vida, celebro-te com palavras inspiradas por ti.  

Por certo viste os erros, a luta interior, as vezes que caí. Por certo viste o crescimento dos meus filhos, como a tua presença se mantém viva sempre que falo de ti. Viste os momentos em que senti ter falhado com homem e como Pai. Espero que tenhas visto o quanto ter mergulhado na dor, e nas minhas insuficiências, tornaram a caminhada nos últimos dez anos, mapa para os anos que se seguem. 

A realidade de não estares neste plano físico, impede-me de ligar para ti e soltarmos uma gargalhadas ao telefone. Impede os meus filhos de te abraçarem, e queria ouvi-los a chamarem-te, avô João. Mas esta realidade não me impede de sentir a tua presença e celebrar-te a cada dia.  Celebro-te a cada abraço que tenho a sorte de partilhar com os meus filhos.

Vivemos pelos que partiram, mesmo que o seu descanso não sossegue a nossa saudade. Irei celebrar-te até ao dia que os meus filhos, celebrem a minha memória também. Nesse momento uma vez mais, estará confirmada a tua frase” a verdadeira herança que deixamos não é material”. 

Queria dar-te mais um abraço, e sentir me teu filho mais uma vez meu Rei. Talvez um dia, até lá celebro-te todos os dias.20150211_105957  

PS- Mesmo com 80 anos vou continuar a chamar-te, Rapaz!

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Impressão minha ou a semana já vai longa?

Estamos a meio da semana, e certamente algumas pessoas sentem que a sua energia está quase no fim. Sentem já um desgaste emocional, que é companheiro na hora de dormir e no momento de acordar. Se tudo o que pensamos e o que sentimos molda a nossa realidade. Quer dizer que as pessoas que começaram o dia com emoções alteradas pelos dias anteriores. Estão a reviver o passado e isso apenas produz um futuro previsível.

Eu sei que na teoria tudo funciona, no entanto a vida apresenta-nos extremos, que são complicados de resolver. Um dia está tudo bem, e acreditamos estar no caminho certo. No dia seguinte tudo acontece ao mesmo tempo, e sentimos que estamos no caminho errado. Sentimos dificuldade em manter o equilíbrio entre as exigências diárias, frustrações e os momentos de felicidade. Aprender a fugir dos extremos das emoções, ou seja não sermos reféns do momento, seja ele positivo ou negativo. Se acreditarmos que não conseguimos pensar para lá do que sentimos no momento. E o que sentimos controla os nossos pensamentos, mesmo sem ter essa perceção estamos a reviver os mesmos momentos ciclicamente.

Comecemos por não antecipar o dia seguinte com emoções do passado. Essas mesmas emoções, apenas limitam a clareza com que vivemos o presente, hipotecando o futuro. Mas como mudar esta forma de pensar? Não podemos fazer as mesmas escolhas do dia anterior. Essa é a parte mais desafiante de lidar com emoções desgastadas ou fragilizadas. Mas quando decidimos a não reviver os dias anteriores, vai ser desconfortável no início. Pensar em desistir é normal. Pensar que estamos a errar é normal. Não podemos é alimentar esses breves momentos de dúvida e ansiedade.

Visualizando essa mudança como um oceano cheio de tempestades, logo aí condicionamos o processo. Naveguemos o rio das pequenas mudanças diárias primeiro, para depois enfrentar as tormentas do oceano. Invariavelmente o ímpeto negativo poderá manifestar-se. Se escolhermos não seguir esse pensamento de forma consciente. Vamos evitar as mesmas escolhas de sempre, que levam aos mesmos comportamentos e tudo isto replica as mesmas experiências e emoções.

Quebrar este velho ciclo de, é simples mas não é fácil! Não temos de ser tolos presos a venerar as amarras criadas pela nossa mente.

Fadeaway8 out!

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8 ontem, 8 hoje, 8 sempre!

Escrevo de coração, como sempre o fiz, cada letra, cada palavra. Assim como em quase todos os momentos a jogar, a minha paixão pelo basquetebol vêm do coração. O nome deste blogue, tem como influência e referência, Kobe Bryant e o número 8. Não é um tributo, nem uma homenagem, porque a minha admiração por ele, não tinha antes ou alguma vez terá, um dia de despedida.

Mesmo com o passar dos últimos dias, desde da tragédia de domingo. A realidade ainda não se instalou, e sinceramente não queremos que isso aconteça. Quatro são as famílias devastadas pela tragédia, Bryant (Kobe e filha Gigi), Altobeli (Pai John, Mãe Keri, filha Alyssa), Chester (Mãe Sarah e filha Payton), Mauser (Christina mãe de três de filhos) e o piloto Ara Zobayan. Vidas para sempre alteradas, crianças que vão crescer sem Pai ou Mãe. Pais em contra ciclo da vida, vão olhar para uma urna, e sepultar os seus filhos. Esposa sem o companheiro e três filhas para educar, viúvo com três filhos que crescem sem mãe. Saber que crianças perderam a vida neste acidente, aumenta a dor, por imaginarmos o que sentem esses pais neste momento.

Sendo Pai, cada notícia em que uma criança ou crianças perdem a vida, o impacto que fica é maior. Por isso o meu pesar vai também para todas as outras famílias envolvidas nesta tragédia. Quem já lidou com a dor da perda, entende um pouco do vazio que fica.

Michael Jordan é como se fosse um Deus para quem, como eu, cresceu a admirá-lo. Inatingível, insuperável, majestoso e por vezes nem parecia humano. Sou um orgulhoso fã dos Lakers, desde da final contra os Pistons de 1988 . Desde então até hoje, sou e sempre serei um “Purple and gold” de coração e pulmão. Em 1996 quando Kobe Bryant foi para L.A, o meu jogador favorito era Eddie Jones, número 6, adorava o seu jogo, tive pena quando saiu, mas na altura era necessário. Os Lakers em Dezembro de 1997, jogavam em Chicago, contra os Bulls, esse jogo mudou me para sempre. O régio Jordan contra um pretende ao seu trono, Kobe Bryant então com 19 anos. Foi um duelo, que deixou me sem palavras, e na altura tínhamos de gravar os jogos na RTP 2, já alguns dias depois de terem sido jogados. Kobe marcou 33 pontos, e Deus MJ marcou 36 pontos. Vi esse jogo até estragar a fita da cassete VHS. Vi inúmeras vezes na tentativa de reproduzir cada movimento dos dois mas sem sucesso.

A determinação inabalável, o olhar sem receio do momento, mesmo estando a jogar contra o melhor de todos, tornou me um fã do Kobe desde desse dia, até ao dia que eu partir desta realidade. Ele parecia real, alguém com o qual podia me identificar. Falhou muitas vezes, foi criticado, acusado, levantou se sempre mais forte, após cada queda.

Ao longo da minha carreira e não só, raramente acreditei em mim. Cheio de dúvidas interiores, olhei para Kobe Bryant como a minha inspiração. Apenas um ano mais velho que eu e jogava nos meus Lakers, mudei para o 8. A cada drible, a cada lançamento que fiz até hoje, no treino, jogo ou no verão com amigos. Foi sempre com a imagem de Kobe na minha mente. Para alguém que escondia a luta com as suas dúvidas interiores, ele era tudo aquilo que eu jamais iria ser. Superei lesões graves, sempre com a ideia de voltar para um campo e treinar cada movimento seu. Celebrei cada vitória, e senti as derrotas, e sem surpresa as lágrimas tomaram conta de mim assim que soube da sua morte, pior ainda por saber que a filha estava com ele.

Partiu cedo demais aos nossos olhos, mas viveu de verdade e em plenitude, a forma como o mundo está a celebra lo é o testemunho disso mesmo. Aquilo que fazemos apenas por nós, segue nos quando morremos. Aquilo que fazemos por outros, fica para trás quando partimos. O seu legado em campo inspirou milhões. Vi um adolescente de 17 anos entrar na NBA, vi um jovem de 24 tornar se tri campeão da NBA. Vi um dos grandes a sair do jogo, após marcar 60 pontos com 37 anos e com anéis de campeão. Vi um pai de 4 filhas, morrer com 41 anos acompanhado por uma das suas princesas Gigi. Não o conheci, mas ele sem saber ajudou me a esquecer as minhas dúvidas interiores, cada vez que vestia o número 8. Não se trata apenas de um número de quem me inspirou, sei que mudou para o 24 mais tarde. Mas o número 8 é uma identidade para mim.

A morte é um agente de mudança implacável com a própria agenda, mas que exalta o profundo e verdadeiro valor da vida. Faz nos encarar a nossa finitude de frente. O tempo não é fonte inesgotável, saber que um dia partimos, retira a ideia que podemos adiar continuamente os nossos sonhos e objectivos, pensando que o amanhã é garantido. Não escolhemos os eventos que trazem sofrimento as nossas vidas. A dor altera a nossa percepção da vida, mais profundamente que qualquer momento de sucesso.

A realidade das famílias envolvidas, será sempre marcada pelo dia 26 de Janeiro de 2020. Não se tratar de superarem, porque isso não é possível, mas sim de aprender a viver com esse vazio. Espero que seja desta vez que o meu Pai, vai ver o Kobe a jogar com a Gigi, está com sorte o meu velho.

Li algures algo que me marca até hoje “O descanso dos que já partiram, não sossega a inquietação daqueles que ficam”.

Fadeaway8 out!

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Duas verdades e uma realidade!

Seja qual for a relação, sempre que evitarmos enfrentar os problemas ou divergências existentes, o progresso será sempre uma miragem. Enquanto essa tensão estiver presente, as fissuras já existentes por vezes aumentam ao ponto de colocar em risco, tudo o que já foi construído. Essa tensão é ainda mais notória nos últimos dias, desde da morte do jovem Caboverdiano, Luis Giovani em Bragança, e após o jovem Pedro Fonseca ter sido esfaqueado no Campo Grande. Perdemos duas vidas, filhos de pais que neste momento vivem com o coração destroçado, carregado de dor, de mágoa, e sem esperança.

Não é a lei da vida, pais estarem a olhar para o corpo do seu filho, deitado num caixão. Filho ao qual seguraram a pequena e frágil mão enquanto passeavam na rua. Filho esse que viram a dar os primeiros passos com muita incerteza, mas que se encheram de orgulho a vê lo caminhar firme em direcção ao futuro. Filho para o qual desejaram o melhor possível, porque o amor dos pais não tem prazo de validade. Filho que parte com sonhos por realizar. Em nenhum momento a dor da perda escolhe cor da pele.

Estes dois jovens, com um caminho singular, mas lamentavelmente partilharam o mesmo destino. Partiram mas a sua memória irá perdurar, mas não poderá ser evocada, para servir propósitos que apenas visam aumentar a tensão existente. Sem enfrentarmos os problemas que foram evitados no passado, o presente não conhecerá progressos, e o futuro será sempre terreno fértil para o conflito.

Duas vidas perdidas, dois ataques com motivações distintas, isso que fique claro. No entanto duas investigações com resultados díspares. Sabemos que foram 15 os atacantes do Luis Giovani, mas até hoje nenhum foi chamado a prestar declarações. Prontamente as autoridades descartaram crime de ódio, mesmo sem que os atacantes tenham sequer prestado depoimento. A sua luz extinguiu se no dia 31 de Dezembro, passados 14 dias, e 336 horas, ainda não existem resultados da tal investigação. 

No dia 28 de Dezembro, o jovem Pedro Fonseca, perdeu a vida após um assalto. A sua luz desaparece, por futilidade e pela falta de discernimento de três jovens cujo futuro está invariavelmente comprometido. Estes mesmos jovens, 9 dias após terem tirado a vida ao Pedro, já estavam sob a alçada das autoridades. Os seus nomes revelados por um dos serviços noticiosos da TV, já se sabia onde residiam, o que tinham feito antes e depois do ataque que tirou a vida do Pedro. Os pais do Pedro ainda que com imensa dor e mágoa, sabem onde estão os responsáveis pela morte do seu filho. O mesmo não se pode dizer dos pais do Luis Giovani.

Aqueles que debatem se pela injustiça além fronteiras, mostram a sua revolta com a dor de quem está a milhares de quilómetros. Não podem escolher agora um silêncio que apenas é conivente com o que se está a passar.

William Shakespeare um dia disse “A dor de um é diminuída pela angustia de outro” . Mas vamos olhar apenas para a dor dos Pais de um em detrimento, dos Pais de outro? Duas vidas perdidas, essa é a triste realidade. Espero que a cegueira da justiça não esteja perto da cura. Olhemos para o poder deste momento, com vontade de resolver uma relação que parece condenada.

Ouvir com o desejo de compreender, e não apenas para ripostar. A maior de todas as conquistas da nossa vida não está em nunca cair, mas sim em todas as vezes que levantamos. 

“O descanso dos que partiram, não sossega a inquietação dos que ficaram”

Fadeaway8 out… 

 

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A força da bandeira!

Para a maioria que escolheu não votar no passado domingo, acreditar só é possível quando tudo se materializa, são os seguidores do “ver para crer”. Os motivos que retraem a coragem de pensamento, estão guardados nas pesadas bagagens cheias de velhos conceitos, que muitos carregam até hoje. A eleição de três deputadas negras, soltou os diversos preconceitos raciais que toldam a visão da maioria da população em Portugal. Esses preconceitos em muitos casos, só estão presentes nos dias de hoje, porque foram passados de uma geração para a outra, como se de uma receita de família se tratasse.

Recordo-me vivamente de celebrações exageradas, de vitórias em diversos palcos da vida. Sempre que uma filha/o, neta/o ou bisneta/o de Portugueses atingia o sucesso, fosse em que campo fosse. Muitas vezes esses feitos eram celebrados com a bandeiras das quinas e a do país que representava orgulhosamente empunhadas. A cantora Nelly Furtado é um exemplo, assim como existem outros. 

Deparei-me com exemplo que sem sobra de dúvida merece ser destacado. Manny Santos nasceu em Portugal, mas em 1974 com o país no meio de uma revolução política e social. Uma economia destruída, um país a procura da sua identidade, e com milhares de jovens a combaterem em África, numa guerra sem motivo aparente. Toda a sua família procura “abrigo” nos Estados Unidos.

Chegou a presidente de câmara de uma cidade (Meriden). O ano passado foi candidato a Câmara dos representantes. Seguidor assumido de Trump, Manny acredita que “a violência e má economia, não são razões legitimas se procurar asilo” ou (a minha favorita) “devem ficar no país e conserta-lo” e remata para golo com “esses problemas não se vão resolver se todos fugirem”. O Manuel agora Manny Santos, perdeu as eleições contra uma candidata… negra! Ele que até dizia entender os desafios da emigração, por isso era o candidato ideal. 

A nossa história pessoal é singular, mas os nossos caminhos são partilhados, por muito que os defensores do ódio não o queiram aceitar.  Durante demasiadas gerações a ideia de um lusitano puro, profundamente enraizada na cultura e até na religião, criou um medo a tudo o que é diferente. Pois esse mesmo “medo” é sentido pelos franceses, suíços, alemães, e outros que menosprezam os emigrantes portugueses e as suas raízes. Se condenam esta linha de pensamento lá fora, como podem apoiar os que pensam assim aqui em Portugal?

Se a noção de Portugalidade está ligada a cor da pele, então deixemos de celebrar aqueles que em nome de Portugal conquistam títulos internacionais. Mas cuja melanina é acentuada, e os traços não preenchem os requisitos da Portugalidade. 

Mais que deputadas negras, Romualda Fernandes (vive em Portugal desde 1968), Beatriz Dias, (vive em Portugal desde 1975), Joacine Moreira, no país desde dos seus 8 anos. Mais que a sua história pessoal, elas são mulheres eleitas para a assembleia da república. As suas convicções não têm cor ou credo religioso, mesmo que já lhes tenham sido colocados rótulos para apaziguar o desconforto causado pela sua eleição. Deixemos então de falar de bandeiras, para fugir ao que interessa verdadeiramente.

Prometo que vou voltar a falar da NBA, mas ainda estou em modo pre season.

Fadeaway8 out! #voucomerconguitosagora

 

 

 

 

 

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Obrigado Joacine!

A verdadeira liberdade é vivida sem medo! Ouvi estas palavras de Nina Simone. Hoje muitos estão encarcerados a céu aberto, com os seus dispositivos de ultima geração nas mãos. Têm receio do que outros vão pensar, cada vez que publicam seja o que for em uma qualquer rede social. Têm receio de serem julgados pela sua opinião.

Cada vez que surge algo diferente, fora do “normal”, que ataque os seus receios mais profundos que suportam as suas convicções. Como os mortos vivos que aparecem no video “thriller” de Michael Jackson, começam a sair das catacumbas do mundo virtual, para atacar os vivos.

A política em Portugal, sempre foi “mais do mesmo”, rosa ou laranja, esquerda ou direita, blocos ou centros. Caem os ramos das árvores mas as raízes estão lá, sempre fortes e estéreis em frutos para a sociedade.

Pela primeira vez na minha vida, vejo uma candidata negra a deputada a Assembleia da República, seu nome Joacine Katar Moreira. Recentemente em uma entrevista, foi julgada pela sua gaguez. Na realidade foi julgada por outros factores, a cor da sua pele, porque é mulher, o seu turbante e pelo facto de ser completamente diferente do “normal” cenário político em Portugal. Quebrou o velho molde, assustou os conformistas, e criou uma nova realidade. Se a sua gaguez põe em causa a sua competência, na opinião de muitos, então vamos analisar os actuais políticos em Portugal, aí sim vamos rir.

A sua coragem, não precisa de validação de seja quem for, menos ainda da minha. A sua coragem não é para ser aplaudida ou condecorada. Ela enfrenta o julgamento dos que receiam mudanças, confortavelmente deitados na planície árida e sem esperança que é a política nacional.

Não estou a dizer que ela vai salvar o país, ou mudar tudo de repente. Mas já venceu, porque algures uma menina ou menino viu a sua entrevista, e com ou sem gaguez, passará a acreditar que é possível ser mais que os limites impostos pelos que não querem ver nada diferente. Não irá agradar a esmagadora maioria, mas a sua contribuição é indiscutível.

O que fazemos por nós, irá desaparecer com o nosso corpo, o que fazemos pelos outros irá perdurar para lá dos nossos dias de vida. Quando mostramos quem somos, arriscamos nos a ficar expostos. Tentar algo diferente é arriscar o erro. No entanto o maior erro na vida, é nunca arriscar.

Obrigado Joacine!

Fadeaway8 out!

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Lakers e a novela do ano!

Sabendo da incapacidade e ineptidão que assolaram os últimos 5 anos, da história dos meus Lakers. Fiquei expectante quando Lebron James, decidiu vestir o manto sagrado “purple and gold”. Apesar de não ser um jovem, a esperança de uma época melhor, crescia com a chegada de Lebron. Claro que expectativas sem sentido tomaram conta dos menos esclarecidos. Alguns já pediam o anel como objectivo principal. Magic Johnson tinha a enorme responsabilidade de montar uma equipa com qualidade, ao ponto de voltarmos a relevância competitiva. Missão fracassada e terá de assumir a sua parte, nesta novela sem qualquer qualidade. 

Certamente será o caminho mais fácil e menos objectivo, seria acusar Lebron James de ser o responsável por tudo de negativo que aconteceu com a equipa. A constituição da equipa não faz qualquer sentido, perante o actual cenário da NBA. As entradas de Javele Mcgee, Rajon Rondo, Tyson Chandler, Lance Stephenson  e Michael Beasley deixaram me confuso quanto a estratégia da equipa. Luke Walton conduziu este autocarro, sem saber que estrada seguir, ele parecia mais confuso que eu. Não o considero “o” culpado, quanto muito terá menos de 10%. Magic e Rob Pelinka tem 60% e dou 15% a Lebron e o resto para a equipa. 

Não pensem que estou a retirar peso a presença de Lebron James, em nenhum momento. A sua lesão em Dezembro, com o tempo de paragem mais longo da sua carreira, e a confusão resultante da tentativa troca para adquirir Anthony Davis. Esses dois factores foram determinantes para aquilo que vemos agora na equipa. O processo Anthony Davis, minou a equipa, e Lebron não foi líder e até criou ainda mais questões com os colegas. Principalmente com os mais jovens, visto que esses foram os mais citados durante a novela da troca. Claro que a mentalidade dos mais jovens da equipa deixa muito a desejar, Lonzo Ball, Kyle Kuzma e Brandon Ingram. 

Temos de olhar para o panorama da NBA neste momento, os Lakers não tem a sua disposição um leque de opções para conseguir uma equipa melhor. Para aqueles que o consideram o melhor de sempre (já sabem qual a minha opinião), está época é um momento de reflexão. A lesão é sinal que Lebron afinal é humano ou apenas um percalço? Perdeu a capacidade de liderar ou a equipa era apenas incapaz? Será sem dúvida um verão diferente para Lebron James, fora dos playoffs pela primeira vez desde 2005. Quero ver como James irá reagir depois de ser colocado em causa por todos.  

É minha opinião que Lebron James não voltará a ser campeão da NBA. Não estou a colocar tudo o que é capaz de fazer em causa. Em 1987 Larry Bird estava na NBA há 8 anos, ninguém imaginou, mas foi a última vez que esteve na final da NBA. Acredito que 2016 poderá ter sido o último titulo de Lebron. A mudança para a conferência da Oeste, será mais complicada para atingir esse objectivo. 

Quero ver aquilo que Magic Johnson terá de fazer para melhorar a equipa. Este verão é provavelmente o mais importante dos últimos 15 anos dos Lakers, a pressão está lá para todos. 

Fadeaway8 out!

 

 

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Não chega celebrar o dia 8!

Escrevo estas palavras hoje dia 11, ao invés de dia 8 (dia internacional da mulher), por escolha e não por esquecimento. Estas palavras são para ti, quer sejas adulta ou a caminhar para lá.

Não és Rainha apenas durante 86 mil e 400 segundos de um dia, és muito mais. A tua complexidade, encanto, força, coragem e determinação vão para além de um dia marcado no calendário.

As tuas dúvidas, receios e inseguranças, que escondes, ultrapassam as 24 horas de cada dia. No teu dia a dia, tens de mostrar a uma sociedade que ainda confunde vulnerabilidade com fragilidade, que o teu lugar não é atrás de ninguém que se sente inseguro com o teu brilho.

Durante séculos a narrativa de superioridade de um sexo perante outro, confundiu gerações. Convicções por vezes impostas desde berço, quer pela via religiosa, ou pela sociedade ou pelos exemplos em casa.

Por isso te digo, o teu passado não é dono do teu presente, assim como não tem direitos de preferência no teu futuro. Os teus sonhos são teus para perseguir, mesmo que outros não os entendam. Não é demasiado tarde, nem demasiado cedo, o momento é teu.

O tempo apenas coloca limites a quem escolhe viver com o receio do amanhã, sem contemplar as imensas possibilidades do agora.

Podes dizer que não entendo as mulheres, e sem hesitar concordo contigo. As minhas palavras nascem de admiração pelas mulheres na minha vida, a minha Mãe e irmãs, e não só. Em cada uma delas vejo algo que me inspira, também vejo marcas do passado que condicionam o seu presente.

Se vives com a ansiedade que não controlas, tens de aceitar que nem tudo conseguirás controlar, mas também recusa te a ser controlada seja como for. Recomeça as vezes que forem necessárias, se caíres tu é que sabes quando deves levantar, mas levanta te sempre. Não é que os homens não queiram ver, por vezes temos de aprender e essa parte nem sempre é fácil.

Se esse espelho te leva a acreditar que não estas bem, então muda como olhas para o espelho. Não tens de te “encontrar”, nem precisas de uma cara metade que te dê valor.

Não é um post de quem segues nas redes sociais que decide se estas bem ou não. O sucesso dessas pessoas não é sinónimo da tua infelicidade, só tu sabes sabes como ser realmente feliz. Quer seja sozinha, com o teu companheiro ou companheira. Quer seja com uma saída com as amigas, e partilhar aquela garrafa de vinho. Quer seja de luz apagada perto da janela a ver a chuva a cair. Quer seja ficar na cama porque por um dia, porque hoje não queres ser forte para os outros, precisas de tempo para ti. Quer seja a cantar e a dançar a tua música, e da forma que só tu a entendes. Quer seja a chorar, quando ninguém ouve.

Seja como, quando e com quem for, tu é que sabes, a tua validação é mais importante que a de qualquer outra pessoa. A tua coragem nem sempre tem de ser evidente para todos, pode ser silenciosa com uma voz interior que te diz para tentar amanhã outra vez. Porque mesmo que percas hoje, isso não faz de ti uma derrotada. O teu brilho ilumina muitos a tua volta, mesmo que não saibas.

Mudemos mentalidades e comportamentos seculares, responsáveis por seis mulheres serem assassinadas a cada hora em um qualquer ponto do mundo, segundo informações da ONU.

A incrível Maya Angelou um dia disse ” Uma mulher sábia não deseja ser inimiga de ninguém; uma mulher sábia recusa ser vítima de alguém.”

Fadeaway8 out

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Conheçam a Maria

Um homem olha para a sua esposa, e vê a coragem e determinação a encobrirem o fadiga do fim do dia. Estóica e majestosa, Rainha sem coroa, ela não demosntra, que a chama da esperança está diminuta no seu coração. Ele sente o peso da realidade que partilham, e juntos decidem procurar um futuro melhor. O presente do seu país, não inspira acreditar que o trilho da busca da felicidade que começaram juntos, terá o desfecho que desejam. 

Chegam a um país onde não dominam a língua, rapidamente são rotulados como cidadãos de 2a classe. Juntos acreditam que a felicidade é possível porque sempre poderiam contar com o incondicional apoio um do outro. Empregos precários, e condições de trabalho, desdém constante dos empregadores são os desafios diários. Ela limpa as casas de famílias, e nem sempre o respeito pela sua dignidade estão presentes. Ainda assim sonha com o dia em que irá segura a semente do amor que partilha com o seu companheiro.

Ele enfrenta o dia a dia, em um país que o vê como um mal necessário. Ele ajuda a construir edíficios, que representam um crescimento económico de uma sociedade que não o vê como alguém que contribui. O tempo passa, a saudade do seu país aumenta a cada dia. Recebe a notícia que há muito desejava, a semente do amor está plantada, dentro de uns meses as noites seriam mais longas e agitadas. A chama da esperança estava viva, e o casal tem agora ainda mais motivos para continuar no trilho iniciado. Maria é o nome escolhido para a prova viva do amor partilhado. Ela cresce a olhos vistos, para orgulho dos pais. Deixa de gatinhar, começa com passos titubiantes, depois já consegue correr. 

Os pais melhoram as suas condições de vida, tudo para que ela não tenha de lutar por tudo como eles o fizeram. Ela fala a mesma língua que todas as crianças da escola, mas em casa os país falam o idioma do seu país natal. Maria por vezes sente-se á parte dos amigos, a realidade em que vive não é a mesma de alguns deles. No entanto, ela sente um enorme orgulho dos seus pais. Mesmo quando ouve, que por serem emigrantes, não podem ser tratados de forma igual. Maria acredita num futuro melhor, no país onde nasceu mas já entende nunca será vista de forma igual pelos seus colegas.

Maria é corajosa e não desiste dos seus sonhos, mesmo que estes sejam vistos como menores, por quem não a considera merecedora de uma vida melhor. Essa coragem herdou dos pais, que sempre lhe ensinaram que a dignidade, esperança, afecto, e desejo num futuro melhor, não têm nacionalidade. Ensinaram também que jamais poderia permitir que outros fizessem com que sentisse inferior. 

Maria não é uma menina negra, que nasceu em Portugal em um qualquer conselho periférico de Lisboa. Provavelmente seria esse o cenário que já antecipavam. Ela nasceu em França, filha de pais portugueses, uma história como tantas que já ouvimos. Poderia fazer parte dos quase 3 milhões de portugueses e seus descendentes em França. 

Que sentido de igualdade ou justiça, move aqueles que destilam o seu ódio e desdém por emigrantes? A esperança em mudar um presente sombrio, para um amanhã brilhante, é sentimento sem tonalidade de pele, ou credo religioso, ou preferência sexual…

Fadeaway8 out! 

 

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D Rose e a viagem no autocarro 217

Sigo com atenção tudo o que acontece na NBA,  todos os detalhes que rodeiam o jogo que por vezes são esquecidos. Histórias paralelas a uma época que está a ser interessante.
Não posso deixar de realçar o que Derrick Rose está a fazer, não apenas por ter conseguido 51 pontos e ter 18.5 ppj de média mesmo sem ser titular. Aplaudo sim a superação, e a prova que jamais podemos desistir de um sonho.
Durante os anos de formação no SLB, a rotina era a mesma durante a época. Sair da escola, correr para a apanhar o autocarro até ao Colégio Militar (217 de preferência) e chegar a tempo do treino. Durante esse percurso de autocarro, 15/20 minutos, a imaginação, o sonho, a esperança tomava conta.
Cada viagem parecia a primeira, ir treinar e tentar imitar os grandes jogadores que admiravamos. Estava quase sempre acompanhado por aqueles que partilhavam o sonho de um dia chegar ao mais alto nível do jogo. Saíamos da escola a correr e com o sonho como estrela do norte que nos guiava. 
Sempre segui essa estrela, o sonho, com esperança indomável mesmo em circunstâncias difíceis.
Essa viagem no autocarro 217, era cheia de esperança, desejo competitivo, dedicação e ilusão. Esses mesmos sentimentos, acompanharam a minha carreira, mesmo nos dias maus. Sejam quais forem os motivos pelos quais cada jogador entra em campo, o sonho de criança tem de estar na lista. Alguns já jogaram pelo dinheiro, já jogaram com dores, já jogaram por amor ao jogo, outros para pagar a renda de casa (outros tempos).
Vejo que Derrick Rose persegue esse sonho de criança, alguns não se recordam que ele foi o MVP mais jovem da história da NBA. Após o longo caminho percorrido agora ele sorri, mesmo que não volte ao nivel de MVP, isso não importa.
Passou por reabilitação, fisioterapia, meses com dores, dúvidas, receios e falta de confiança. Realidades diarias de quem recupera de lesões graves, para ele a fama e o dinheiro em nada amenizam o vazio e a frustração de não conseguir levantar da cama e seguir o sonho. 
Todos os que um dia sonharam em ser médico/a, advogado/a, escritor/a, ou jornalista, engenheira/o e conseguiu atingir esse obejectivo. Seguiram essa profissão toda a vida, ou seja não terá de se retirar por uma lesão ou na plenitude da idade activa. O mesmo não se pode dizer de um atleta, seja em que modalidade for. Derrick rose já deveria estar retirado aos olhos de muitos, cada época daqui até ao tal “fim” será motivo de orgulho.
A todos os que ainda jogam, nem que seja aos domingos com os amigos e que já deveriam estar retirados aos olhos dos que não sabem. Para aqueles que ainda hoje são alimentados pelo sonho de criança com coração de adulto. Aos que ainda têm muito futuro pela frente. Continuem a jogar, porque jamais estaremos retirados de um sonho. 
Podemos recuperar dinheiro, mas nunca o tempo perdido. Não existem apps para recupera-lo, então apreoveitem-no.
A viagem no 217, continua a ser a minha motivação, mesmo que os idealismos da juventude não sejam os mesmo. As histórias de todos nós são singulares, mas o destino é partilhado sempre que entramos em campo. Seja na rua com os nossos filhos, ou com amigos.
FDAWY8 out!
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